A empresa de capital brasileiro, que se encontra entre os principais laboratórios do seu país de origem, não encontra o rumo na Argentina. Esta semana, a Eurofarma está negociando saídas voluntárias. O ajuste está relacionado com uma redução nos contratos terceirizados que mantinha com a francesa Sanofi.
A brasileira Eurofarma está implementando um importante corte na sua filial argentina. Apesar de ter implementado um plano de ajuste de despesas para tentar manter a viabilidade da sua operação no país e preservar seu pessoal, os resultados não foram suficientes para reverter o déficit.
Devido à queda nos volumes de produção na sua planta argentina, a brasileira – de propriedade de Maurizio Billi – decidiu realizar uma reestruturação do seu quadro de pessoal sob a categoria de acordos individuais. E seus colaboradores – a maioria deles da área de manufatura – deverão responder durante esta semana.
Apesar de que a empresa opera no país desde 2009, parte do seu quadro de pessoal apresenta uma longa antiguidade porque já conta com uma trajetória na planta de Sanofi. Assim, há funcionários com até 30 anos de prestação de serviços. Algumas indenizações chegam a ARS 7 milhões (USD 73.130).
O golpe de misericórdia foi uma mudança no ideal de terceirização que mantinha com a francesa Sanofi, seu principal cliente, desde que fez a compra da sua planta de Lomas del Mirador em 2015. Esse acordo foi reduzido significativamente e a renda da brasileira começou a se diluir quando a multinacional Gala vendeu algumas marcas ao laboratório argentino Elea. Foram os antigripais Bio-Grip e Bronquisedan; o creme analgésico Rati Salil; o antidiarreico Minicam; e o antiácido Falgos. Ver artigo.
De fato, de acordo com fontes não oficiais, o laboratório Elea começou a elaborar alguns desses produtos na sua própria planta. Esta mudança causou um impacto direto no curto prazo e a Eurofarma deixaria de produzi-los. Entre esses produtos destaca-se a emblemática Adermicina, que a brasileira continua fabricando em paralelo. Embora estimem que serão os últimos lotes. Em um anúncio para seus funcionários, a empresa disse que, alem da difícil situação desta operação, enfrenta os efeitos da pandemia e a crise econômica na Argentina. Ver carta.
De acordo com as informações recebidas na Pharmabiz, as desvinculações não atingem apenas o pessoal de planta. Assim, a proposta já foi aceita por funcionários das áreas de Sistemas, Farmacovigilância e Recursos Humanos. E também alcançou o pessoal de vendas.
Nas conversas, a Eurofarma está oferecendo ao pessoal o que é exigido na legislação em vigor, sem adicionais. No final de janeiro, o Estado argentino extendeu até 31 de dezembro do presente ano a emergência pública em matéria trabalhista, que inclui a extensão de uma dupla indenização. Embora, desta vez, tenha sido determinado que o montante correspondente à duplicação não poderá exceder, em nenhum caso, o valor de ARS 500 mil (USD 5.225).
A operação local do laboratório brasileiro está atualmente sob o comando de Nathan Putinatti de Almeida. O executivo foi nomeado gerente–geral em agosto de 2020, mas teve que assumir e exercer o cargo de forma remota desde o Uruguai até o passado mês de janeiro quando finalmente desembarcou na Argentina. Ver artigo.
A Eurofarma começou a explorar o mercado argentino em 2009 e pouco depois entrou oficialmente através da aquisição do laboratório nacional Quesada. Seis anos mais tarde comprou a planta de manufatura da Sanofi, localizada em Lomas del Mirador, na tentativa de consolidar e ampliar a sua operação. Ver artigo.
A farmacêutica tem como objetivo se tornar um importante concorrente regional. De acordo com seu plano estratégico, para 2022 esperam que 30% da sua renda provenha de operações internacionais. México, hoje é considerado seu principal mercado fora do Brasil.
USD 1 = ARS 95,71 (cotação do BCRA da quarta-feira 03/03/2021)
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